segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Larissa não mora mais aqui

As grandes cidades para agregar uma quantidade maior de pessoas em lugares privilegiados acabaram criando os grandes edifícios. Lugares centrais e de grande fluxo tiveram sobre sua área grandes construções com o que havia de mais moderno e avançado. Porém o tempo foi gradativamente corroendo as estruturas e os edifícios foram decaindo. A conseqüência foi a criação de um cinturão de pobreza em volta. Este fenômeno determinou o afastamento de moradores dos centros urbanos e a ocupação de uma população pobre em torno. Os edifícios de luxo destes lugares entraram em franca decadência. Tornaram-se monumentos ao passado e sofreram uma drástica mudança em seus condomínio. Antigos proprietários, profissionais liberais, empresários, representantes das classes dominantes e aristocratas deram lugar a estudantes, trabalhadores assalariados, biscateiros vivendo de pequenos bicos, atores, escritores e e aventureiros vindos do interior ocupam o então luxuoso prédio agora com alugueis aviltados. A voracidade do mercado por sua vez passa a mudar a fotografia da cidade de forma constante. Prédios antigos ora transformados em pardieiros e em “balança, mas não cai” sucumbe à especulação imobiliária e dão lugar a modernos empreendimentos, escritórios executivos, salas inteligentes, informatizados e auto-sustentáveis, ecologicamente correto, usando material reciclado e de alto nível prontos a servir a um cliente cada vez mais rico e mais exigente. A destruição de patrimônio arquitetônico não dá conta das milhares de vidas que ali passaram, construíram, tiveram filhos, se separaram, amaram e morreram.

LARISSA NÃO MORA MAIS AQUI é uma história destas. O Edifício Comendador Siqueira foi criado nos anos 50 como ultimo grito na construção civil. Apoiado na euforia de um Brasil campeão do mundo foi investido de todas a regalias que o ufanismo utópico podia oferecer. Elevadores com pantográficas. Recepção com amplos arcos e grandes corredores, quartos imensos e pé direito alto marcaram o uso exorbitante dos espaços. Os primeiros moradores viveram o apogeu do prédio, mas e criou em torno pequenas favelas para albergar a mão de obra necessária para manter o luxo. Aos poucos a decadência toma conta e o mar de favelas cresce em torno do Edifício Comendador Siqueira. Os alugueis caem e os novos inquilinos tentam manter a dignidade de suas vidas nos dias de hoje. Até que novas propostas do mercado imobiliário de compra do edifício e subseqüente demolição para criação de um ultra moderno super centro de negócio totalmente auto-sustentável e ecologicamente correto é projetado. A história dos últimos moradores do edifício combina com um retrato social da nossa sociedade, ilhada, oprimida, falida, moralmente indecisa e assustada.

A trama começa com a proposta de demolição ao qual os moradores tentam resistir. Entendem que aquele lugar representa uma cidade que eles sonharam e não aceitam de modo algum o oferta de compra pelo pullde investidores.

A partir de então vemos os o dia-a-dia dos moradores e toda a gama de pessoas que vivem no edifício.

http://larissanaomoramaisaqui.blogspot.com/

http://julioconte.blogspot.com/



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